segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Amor Libertário



"Amor só dura em liberdade
O ciúme é só vaidade"
A Maçã - Raul Seixas

Quando falamos em "amor livre" ou "amor libertário" já vem a mente a idéia de libertinagem, do pode tudo, irrestritamente.

Mas o que seria "amor livre"? Na minha visão é que o amado não é um objeto de posse e vice versa, que num relacionamento ambos tenham os mesmos direitos, os mesmos prazeres, mas sem a obrigação imposta de monogamia ou poligamia, ou qualquer coisa que o valha.

Desde adolescente, sem nem saber das teorias libertárias ou ter ouvido sobre o termo amor livre, não conseguia ter relacionamentos com ninguém na base da mentira. Ficava com um cara, se ele voltasse a me procurar a primeira pergunta, sempre na lata era "o que é que você quer comigo, curtir, ir ficando sem compromisso ou quer namoro certinho com fidelidade?". Nem preciso dizer que assustei um punhado de pretententes, e que dos poucos que assumiam querer um lance mais aberto não suportavam que eu ficasse com outro cara e vinham as inseguranças, cobranças e eu os mandava a merda.

E quem acha que foi diferente com o Idilio, não foi. Só que ele não se assustou, não sei se estava muito bêbado pra ter prestado atenção, se a paixão era tanta que o cegou... enfim, ele falou em relacionamento monogâmico. Para quem nunca suportou se sentir presa a nada, era estranho eu gostar esse relacionamento certinho, a vontade de sempre estarmos juntos, sem cobranças, só vontade pura e simples.

Pois é, noivamos, casamos, tudo como manda o figurino (Nada anarquista não?) No dia do casamento, eu tinha tanta certeza do passo que estava tomando que não fiquei nervosa, estava serena, tranquila, e tive que ouvir mais de uma vez que não parecia que eu estava casando (claro, depois entendi pq se choram em casamentos, rs...)

"Mas o relacionamento de vocês não é baseado no amor livre!!!" Ao contrário, é totalmente baseado no amor libertário. Apesar de termos assinado o papel do Estado confirmando nossa união, nunca me senti obrigada a nada com meu marido, nem de ser fiel, me apresentar como boa esposa e tudo o que a sociedade cobra. Como eu nunca exigi isso dele.

Ah, então rola oba oba, troca de casais, swing, menage a trois, a suruba? Nada disso, somos o casal mais careta que eu conheço, monogâmicos por opção, sexo com amor, com prazer, com desejo real.

Sexo por sexo libertino, isso se consegue em qualquer barzinho hoje, onde as pessoas viraram objetos, escolhidos por adjetivos: "novinhos" "fáceis" "ficáveis" "interessantes" "playboy" "cafa" (tá, eu também já falei assim, confesso, não pegava novinhos, que grudavam depois, preferia os cafas, achando que eu estava acima por usar o cara, já fui muito idiota sim, confesso).

Conversando atualmente com pessoas "normais", presas as regras da sociedade, religião e Estado, que interferem na relação pessoal de um casal o obrigando a fidelidade perpétua e até sexo obrigatório (sim, tem uma lei que o conjuge pode cancelar o casamento caso a outra parte se recuse a ter relações), vejo o desejo (nem sempre) contido pela infidelidade, de homoafetividade enrustida, do sexo marital por obrigação, a prostituição doméstica (se submete ao desejo do marido, pois tem medo de que não o satisfazendo, ele busque outra. Querendo ou não, há aí uma espécie de prostituição doméstica." *), a maternidade imposta (não por desejo do casal, e sim mera obrigação do casamento, a reprodução).

"Tudo o que é proibido é mais gostoso"? A imposição, as regras são tão fortes assim que as pessoas não conseguem libertarem-se disso?

Prefiro mil vezes o amor real, livre, leve, solto, libertário... do que a falsa sensação de segurança que as imposições sociais pregam. Prefiro mil vezes permitir que meu companheiro seja livre para amar e ter prazer como desejar mesmo que não seja comigo, como eu também preciso ter essa liberdade.

Que possamos ser 2 individuos inteiros que desejam estar juntos, não 2 seres incompletos que precisem do outro, criando dependência, relação de posse, ciumes, insegurança.

Quero sempre poder diferenciar o amor do desejo e do prazer puramente sexual. Saber respeitar e não fechar os olhos as diferentes formas de se relacionar e amar, não me fechar a nada, liberdade plena...




*Citação do blog: Casamento e Prostituição: http://pomodadiscordia.blogspot.com/2005/06/casamento-e-prostituio_11.html

3 comentários:

  1. Existe hoje uma imposição ao contrário, pelo menos no universo masculino! Antigamente a imposição era se casar, hoje a imposição é catar todas!
    Em uma sociedade baseada em competição, existe até gente tonta que marca "score" e compete com os amigos nas baladas para ver quem "cata mais"!
    Acho legal e divertido isso, até o ponto que isso passa a dominar, em que o cara começa a precisar fazer isso para se sentir macho!
    Tudo que deixa de ser espontâneo e passa a ser forçado é imposição de fora! É contra isso que lutamos!

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    1. Não é de hoje essa competição, macho que é macho, vira até São Jorge, encara o dragão! (amigos falavam isso para aumentar o score de minas). Tinha inclusive rank de ficar ou conseguir transar de primeira, o phodão era o que conseguia passar a lábia.
      Como tem muita mulher hoje que faz exatamente o mesmo! Feminista? Nem um pouco, apesar de achar que é. Lembro que uma até criou um blog pra contar sobre as transas, que o intuito dela era ter 365 caras diferentes em 1 ano! Que delicia né? Tudo fica vazio no final...

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