sábado, 29 de setembro de 2012

Aborto

Essa semana especificamente, o tema recorrente nas redes sociais foi sobre a DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO. Muitas pessoas são contra, muitas pessoas a favor, um debate interessante que entra em esferas pessoais, religiosas, morais e sociais.

A questão maior é que quem é contra parte para o lado moral e religioso da coisa, onde o debate deveria ser a problemática SOCIAL.

Quem defende a descriminalização não são PRÓ-ABORTO, não querem impor que as mulheres abortem, que essa seja uma solução mágica, que são contra a vida do embrião em formação. É saber ver a problemática dos abortos que já ocorrem onde mulheres morrem por abortos clantestinos e mal feitos. Terceira causa de morte feminina no pais, que afeta quem não tem condições nem discernimento para isso.

Quem tem um mínimo de conhecimento e dinheiro, pode realizar abortos em clinicas clandestinas com médicos, por aspiração ou uso do Cytotec, sem maiores sequelas físicas (porque as emocionais, morais, essas ficam para sempre! A não ser que a pessoa não as tenha). Quem não tem, e é mais afetada por essa politica de proibição são as mulheres sem recursos, sem conhecimento, sem apoio. São essas mulheres que sofrem por abortos feitos com objetos perfuro cortantes, por métodos perigosos, morrendo de hemorragias, infecções, com medo de procurar assistência médica para não serem presas, e mesmo as que nem sabem disso e vão, são discriminadas e deixadas para morrer.

E os abortos acontecem em um índice assustador mesmo com ela sendo proibida em nosso pais, 1 EM CADA 7 MULHERES passam por abortos clandestinos. E a terceira causa de morte feminina são por complicações desses abortos. Então essa proibição não funciona. Não existe politica pública realmente eficaz. Mais uma vez demonstrando que o Estado de nada serve a não ser piorar as coisas.

Sim, eu sou a favor da DESCRIMINALIZAÇÃO, mesmo sendo o fato um ato reformista, pois é urgente. No blog da dra. Melânia fala sobre politicas que deram certo e reduziram esses índices de mortalidade. Aqui mais informações técnicas: http://estudamelania.blogspot.com.br/2012/08/estima-se-emcerca-de-1-milhao-o-numero.html

A responsabilidade por cada morte materna, de cada aborto provocado é NOSSA! Sim, por permitir que vivamos nesse mundo de desigualdades sociais, de extrema pobreza, por perpetuar esse sistema falido e assassino. E quem ainda apoia essa politica retrógrada, que faça EFETIVAMENTE algo a respeito para mudar essa realidade, apoiando essas gestações indesejadas então, não com esmolas e caridade, não com meros debates em redes sociais, vá lá mudar essa realidade escandalosa!!! Deixe de ser omisso em sua vida, pare de pensar apenas no seu lindo umbigo e sua vidinha confortável e pequeno burguesa.

E para quem pensa em passar por um aborto, digo com experiência própria, é uma agressão enorme ao seu corpo, mas a dor física não é nada perto do restante. Foram anos me sentindo uma assassina sim e hoje consigo falar sobre isso sem chorar e sofrer. E tive que passar por isso praticamente sozinha, com apenas uma grande amiga me dando conforto emocional. E a gestação ocorreu aos 16 anos não por inconsequência, e sim por falha do preservativo, a decisão for por total falta de apoio e compreensão da familia, da sociedade, decisão que tomei sozinha por todas as consequencias que uma gestação nessa época causariam inclusive para o embrião que estava no meu ventre, pois desejo sempre tive de ser mãe, mas que eu pudesse realmente maternar. E hoje acredito sim que foi o melhor.

2 comentários:

  1. Erika, tenho a mesma linhade raciocinio. Eu sou contra o aborto, em meus valores e convicções, inclusive religiosas, porém sou a favor da descriminalizacao como questão de saúde pública e também por acreditar e defender um estado laico.
    Parabéns pelo post e coragem, que sei que tem mesmo, de expor sua experiência.

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    1. Não é fácil expor assim feridas semi cicatrizadas. Mas importantes Dani...

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