sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Eu não sou “menasmain” porque escolhi a cesárea!




Sim, essa afirmação caberia a mim, eu escolhi a cesariana como via de nascimento da minha filha. Eu queria parto normal, eu sabia que meu obstetra era cesarista, ele não me forçou a fazer a cirurgia, eu que liguei para a clinica e agendei a cesárea.

Opa, péra lá, não tem nada errado aqui não? Você apóia o parto humanizado, foi na marcha do parto em casa, que história é essa?

Eu queria o parto normal, minha mãe teve os três filhos por parto normal, então considerava a melhor forma de nascimento. E só. Tive uma gestação difícil, placenta prévia, diabetes gestacional, depressão. Troquei de obstetra umas três vezes por não aceitar a cobrança extra para acompanhamento do parto, já estava até decidida a ter com o plantonista, mas precisava de um obstetra que realmente me acompanhasse a gestação e me transmitisse segurança. Nunca tinha ouvido falar de doula, quanto mais de parto humanizado, parto domiciliar era para quem não tinha hospital com aquelas senhorinhas parteiras... Só não queria a cesárea, medo de cirurgia, do corte.

Obstetra falou que eu poderia sim ter parto normal, a placenta subiu e a diabetes não seria impedimento se bem controlada, mas que ele preferia a cesárea por poder agendar a data, a mãe poder se programar para o nascimento do bebê, deixar quarto e enxoval pronto, ir ao cabeleireiro se cuidar já que depois que nascesse não teria tempo para isso. Outros obstetras marcam a cesárea para casos de diabetes gestacional às 38 semanas, ele nem tocou no assunto, assim minha gestação chegou às 40 semanas, entrei em pródomos, fui para o hospital, o plantonista “bonzinho” me deu remedinho para a dor para não sofrer e voltamos para casa, no dia seguinte passei em consulta, e claro, quase nenhuma dilatação, contrações totalmente irregulares ainda, ele comentou que poderia passar ainda uma semana nessa, ou marcar a cesárea para o dia seguinte, quando meu companheiro declarou “não vou agüentar ver ela sofrendo uma semana inteira”. Sim, essa declaração dele abalou, afora a pressão familiar toda de que tava passando da hora. Voltamos para casa, mandei todo mundo me deixar sozinha, e chorei, chorei, chorei, fiquei umas duas horas no telefone com meu pai que me apoiaria na decisão que eu tomasse. E agendei a cirurgia. E minha filha foi nascida, e choramos, como choramos, eu e ela!

Nunca me senti menos mãe pela cirurgia, nem senti julgada por isso, ninguém apontou dedo na minha cara para dizer que eu era menos mãe. Mas EU me senti MENOS MULHER. Eu me senti fraca por agendar a cesárea. E hoje com as informações que tenho, por não ter dado um nascimento que considero digno a minha filha.

Então esta culpa, de me sentir menos mulher, que me fez buscar mais informações, como as maternas dizem, me empoderar, e transmitir esse conhecimento para outras gestantes.

O fato de divulgar as vantagens do parto humanizado não significa impor que toda gestante deva seguir esse caminho. Divulgar as desvantagens e riscos da cesariana, principalmente eletiva, não é JULGAR como inferior quem passou pela cirurgia por escolha ou necessidade.

Hoje eu sei que não basta QUERER um parto normal. Tem de lutar, se informar, buscar profissionais que realmente apóiem o parto e não darão desculpas para agendar a cesariana.

Concordo com esse sistema atual? Nenhum pouco, porque quem deseja um parto não tem muita escolha e tem de lutar. E nem todas tem toda essa gana para brigar pelo nascimento que deseja ao filho, a gestação já é uma mudança tão grande, hormonal e emocional, e ainda ter de brigar para poder parir?

OK, você escolheu a cesárea eletiva, não o parto. Praticamente todos os obstetras o farão. Aqui na nossa cidade, eu conheço apenas DUAS obstetras que apóiem o parto humanizado e não inventarão desculpas para a cirurgia. E algumas parteiras que atendem a região se desejar um domiciliar.

Então, dá pra entender um pouquinho só porque as ativistas da humanização do nascimento fazem tanto alarde? Algumas até se revoltam com tanta cesárea eletiva, querem a todo custo mostrar ao mundo que não é bom nem pra mãe muito menos para o bebê, e até as mais radicais que acham que a eletiva devia ser proibida?

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