quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Acabou

Acabou
depois desse tempo juntos,
você já não cabe em minha vida.
Sinto tua falta? Sim
Desesperadoramente,
Conforme as horas passam,
a ansiedade aumenta,
penso em você,
cresce a pressão em meu peito,
Coração dispara,
Me falta o ar
Me seguro,
Resisto
Mais um dia
Só mais um dia

Me arrependo
de te desejar tanto
E choro por dentro
Sofro

Porque é tão difícil te arrancar simplesmente da minha vida?

Penso que agora, essa minha dependência já não seja mais química, e sim emocional... Quantas sabotagens, delírios, desejos, tentativas desesperadas de substituir as descargas frequentes de dopamina. Vicio, dependência, escravidão...

Estou muito emoção, e isso me assusta, demais, não sei lidar com isso, nunca soube...

Pára! É uma droga lícita! Para que todo esse drama? É o que racionalmente penso, isso nos momentos que consigo ser um pouco racional (que antes era comum).

Erika, por favor, me ajude, concentre-se, respire fundo, acredite em você. Deixe de lado os delírios, foco na batalha somente. Não adianta desenterrar fantasmas do passado nem criar situações absurdas, nada mais pode ser usado como desculpa para recorrer a ele.

O pior já passou, foram 23 anos se envenenando todos os dias, agora o corpo implora por ele. Não ceda. Por você principalmente, por seus ideais, por seus filhos, por seu companheiro que nunca gostou mas por amor conviveu todos esses anos com ele entre vocês.

Tanta coisa já foi superada, quantas lutas você conseguiu vencer? Essa será mais uma, tenha certeza. Coragem, determinação.

Coloque hoje o ponto final nessa relação que só faz mal, de vez. São 20 dias ensaiando, sofrendo, evitando, 20 dias de desintoxicação. Agora é aprender a viver novamente, sem amarras, livre...

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Amor Libertário



"Amor só dura em liberdade
O ciúme é só vaidade"
A Maçã - Raul Seixas

Quando falamos em "amor livre" ou "amor libertário" já vem a mente a idéia de libertinagem, do pode tudo, irrestritamente.

Mas o que seria "amor livre"? Na minha visão é que o amado não é um objeto de posse e vice versa, que num relacionamento ambos tenham os mesmos direitos, os mesmos prazeres, mas sem a obrigação imposta de monogamia ou poligamia, ou qualquer coisa que o valha.

Desde adolescente, sem nem saber das teorias libertárias ou ter ouvido sobre o termo amor livre, não conseguia ter relacionamentos com ninguém na base da mentira. Ficava com um cara, se ele voltasse a me procurar a primeira pergunta, sempre na lata era "o que é que você quer comigo, curtir, ir ficando sem compromisso ou quer namoro certinho com fidelidade?". Nem preciso dizer que assustei um punhado de pretententes, e que dos poucos que assumiam querer um lance mais aberto não suportavam que eu ficasse com outro cara e vinham as inseguranças, cobranças e eu os mandava a merda.

E quem acha que foi diferente com o Idilio, não foi. Só que ele não se assustou, não sei se estava muito bêbado pra ter prestado atenção, se a paixão era tanta que o cegou... enfim, ele falou em relacionamento monogâmico. Para quem nunca suportou se sentir presa a nada, era estranho eu gostar esse relacionamento certinho, a vontade de sempre estarmos juntos, sem cobranças, só vontade pura e simples.

Pois é, noivamos, casamos, tudo como manda o figurino (Nada anarquista não?) No dia do casamento, eu tinha tanta certeza do passo que estava tomando que não fiquei nervosa, estava serena, tranquila, e tive que ouvir mais de uma vez que não parecia que eu estava casando (claro, depois entendi pq se choram em casamentos, rs...)

"Mas o relacionamento de vocês não é baseado no amor livre!!!" Ao contrário, é totalmente baseado no amor libertário. Apesar de termos assinado o papel do Estado confirmando nossa união, nunca me senti obrigada a nada com meu marido, nem de ser fiel, me apresentar como boa esposa e tudo o que a sociedade cobra. Como eu nunca exigi isso dele.

Ah, então rola oba oba, troca de casais, swing, menage a trois, a suruba? Nada disso, somos o casal mais careta que eu conheço, monogâmicos por opção, sexo com amor, com prazer, com desejo real.

Sexo por sexo libertino, isso se consegue em qualquer barzinho hoje, onde as pessoas viraram objetos, escolhidos por adjetivos: "novinhos" "fáceis" "ficáveis" "interessantes" "playboy" "cafa" (tá, eu também já falei assim, confesso, não pegava novinhos, que grudavam depois, preferia os cafas, achando que eu estava acima por usar o cara, já fui muito idiota sim, confesso).

Conversando atualmente com pessoas "normais", presas as regras da sociedade, religião e Estado, que interferem na relação pessoal de um casal o obrigando a fidelidade perpétua e até sexo obrigatório (sim, tem uma lei que o conjuge pode cancelar o casamento caso a outra parte se recuse a ter relações), vejo o desejo (nem sempre) contido pela infidelidade, de homoafetividade enrustida, do sexo marital por obrigação, a prostituição doméstica (se submete ao desejo do marido, pois tem medo de que não o satisfazendo, ele busque outra. Querendo ou não, há aí uma espécie de prostituição doméstica." *), a maternidade imposta (não por desejo do casal, e sim mera obrigação do casamento, a reprodução).

"Tudo o que é proibido é mais gostoso"? A imposição, as regras são tão fortes assim que as pessoas não conseguem libertarem-se disso?

Prefiro mil vezes o amor real, livre, leve, solto, libertário... do que a falsa sensação de segurança que as imposições sociais pregam. Prefiro mil vezes permitir que meu companheiro seja livre para amar e ter prazer como desejar mesmo que não seja comigo, como eu também preciso ter essa liberdade.

Que possamos ser 2 individuos inteiros que desejam estar juntos, não 2 seres incompletos que precisem do outro, criando dependência, relação de posse, ciumes, insegurança.

Quero sempre poder diferenciar o amor do desejo e do prazer puramente sexual. Saber respeitar e não fechar os olhos as diferentes formas de se relacionar e amar, não me fechar a nada, liberdade plena...




*Citação do blog: Casamento e Prostituição: http://pomodadiscordia.blogspot.com/2005/06/casamento-e-prostituio_11.html